Páginas

4 de julho de 2011

ela é o diabo da tasmânia



sempre que pensava em ter o meu cachorro, pensava na raça beagle. sempre me encataram por suas caras de piedade e coitadinhos. o currículo da raça era assustador, o que causou uma demora de 3 anos na compra, mas acabei ganhando de presente, com certificado e certidão de nascimento no meu nome no espaço mãe, pai estava desconhecido. tinha tipo sanguíneo, cor da pelagem e dos olhos. Confesso, foi amor a primeira vista. era inverno. ela tinha uns 30 cm e 40 dias. ao entrar em casa fui expulsa pela vó materna da cadela. como já éramos uma dupla, fizemos nossa sacola de roupas prendemos em um cabo de vassoura e ao bater a porta a sem coração voltou atrás e pediu para que voltássemos.

como a carência era tanta e o apego maior ainda, nada mais apropriado dar o nome de gente - Betina, assim chama a minha revoltada e diabólica cadela. no fundo eu a amo. é uma relação de amor e ódio que construímos ao longo dos 6 últimos anos.

outra confissão. não sou uma boa mãe. ela não é uma boa filha. (aqueles que não entendem a relação de carinho entre uma pessoa e seu animal de estimação pode sair do post e partir para outra).

nunca consegui ensinar nada para a betina. ela nunca aprendeu a ter horários para fazer xixi e coco. aliás, com passar dos anos, ela se especializou em fazer as necessidades sempre na madrugada. como é bom levantar no frio às 4h na manhã para juntar o cocô que fede tanto que acorda o prédio inteiro.

tão pouco consegui ensinar que cama, cobertor, lençol, tapete e roupas quando no chão não servem para as tais necessidades. e que toucas, meias, blusas e sutien não são brinquedos que ela pode roubar e sair correndo pela casa.

a convivência não é fácil. difícil é ter sempre uma surpresa nova a cada dia. ela não cresce. os veterinários me diziam, hoje não falam mais nada, quando ela entrar no cio vai passar. nada, só acelerou. foram-se os sapatos, calças, camisetas, escovas de cabelos, fios de eletricidade... a lista é grande. e a sua vontade de destruir é maior ainda.

hoje com seis anos ela só perdeu o folego para correr.

ninguém imagina a alegria que é chegar em casa e encontrar sua geladeira aberta, com pó de café no chão, vinagre aberta, cebola, batata e tomate devorados, a borracha que fecha o utensílio doméstico mastigado. nada é mais lindo de se ver. quando entrei em casa e vi a cena pensei, fui assaltada ou será que minha casa foi cenário de guerra e não estava sabendo?
e ela com cara de anjo e pança cheia. não sei como não precisei fazer lavagem estomacal.

estas são imagens que adoro ver ao chegar em casa.

ainda. uma vez coloquei uma lata de tinta branca embaixo da pia da cozinha. quando cheguei em casa o diabinho da tasmânia tinha tirado o pote para fora, abriu e derramou a tinta de 50,00 pelo chão, não satisfeita, arrombou o portão que fica na cozinha e foi para o resto da casa. baixou a pintora moderna na cadela e ela pintou com as patinhas e corpo todo o piso do apartamento. outra cena que não passa pela cabeça de ninguém, nem nos piores pesadelos.

não sou uma boa mãe.

só consegui ensinar para a betina a ser carinhosa, manhosa, delicada e a dar beijo. não se pode falar a palavra beijo. ela sai feito louca que é, lambendo todos a volta. constrangedor.

qualquer semelhança com o filme marley e eu não chega nem a 1% do que ela é capaz.
no episódio da geladeira, precisei trocar. no sofá, onde ela adora passar a tarde tirando uma soneca precisei jogar no meio da rua. até o andarilho rejeitou.
até descobrir que durante a noite ela não dorme somente, tive muitos prejuízos - o próprio sofá, os tapetes, a cama (sim ela achava e tem convicção que cama de gente era banheiro) as cobertas...

hoje, para irmos para a cama, preciso desmontar a sala, tirar as almofadas do sofá e só deixar a madeira aparecendo. e nada pode ficar abaixo de 1,5 metros. ela pula e pega. no outro dia pela manhã montamos a casa novamente.

eu não sou uma boa mãe.
ela não é uma boa filha.

ela aprendeu que dormir precisa ser na cama e no meio do casal e embaixo do lençol, essa de ficar por cima e nos pés é contra a sua natureza diabólica.

quando o ricardo chegou na nossa vida, corri e avisei:

- quem manda aqui é ela. nós obedecemos.

1 comentários:

Anônimo disse...

cachorro é pra isso mesmo ! se fossem mais "previsiveis" talvez nao tivessem tal encanto !
confio mais em cachorro do q muita gente ! cachorro é puro em sua essencia, todo dia tá ali te esperando, sempre pronto ! nós q as vezes nao estamos prontos para tal receptividade. o cachorro nao precisa "jurar q semana q vem" fará/cumprirá algo. ele simplesmente faz.
é.
viva a cachorrada!
parabens pelo blog Renata!! e pela betina !!

Postar um comentário